Próxima estação....

A cabeça pendia para os lados com o chacoalhar do metro, e quem sabe assim as idéias perdidas em sua cabeça também encontrassem a estação certa, retornava para casa de um passei sem sentido, sairá apenas para espairecer a cabeça, a tempos mantinha-se trancado sem sua casa e a luz do sol só o visitava através da brecha na janela e por entre as cortinas.
Mas hoje acordou cedo, lavou o rosto, e saiu... antes não tivesse feito isso, ao caminhar pelas ruas via os casais todos de mãos dadas, e olhos brilhantes, e ele, era impar, sozinho ali caminhando no calçadão.
Sentou-se ao lado de um poeta, as frases desse poeta eram sua única companhia aquele dia, e por pouco não se sentiu como o poeta mesmo havia dito a tempos, “ Um homem por trás dos óculos” mas deixou o tempo passar, o calor nem o atrapalhava tanto. Mas sim o frio em seu peito.

Ao perceber que o dia morria, e ele, tolo e sem motivos passou o dia tolo só ao lado de uma estatua, levantou-se e voltou a sua casa, agora com um risco de fome no estomago e a certeza de que era vazio e sem atrativos. Ao chegar no metro assim cabisbaixo e transpor a roleta, a sensação de que nada poderia de bom acontecer em seu dia o atingiu novamente, descendo as escadas fiel a idéia de que ele mesmo era o único culpado de sua infelicidade parou frente a porta do metro, e entrou o apito alto e fino avisa que aporta se fecha e ele vai ali dizendo não com a cabeça sem nem perceber...

Depois de mais algumas estações a voz padronizada avisa que sua próxima parada é a que ele espera, caminha a porta cabeça baixa olhos fixo em nada, a porta se abre... ele levanta os olhos e vê. Ela. Ali, cabelos longos olhos fortes, e sorrindo... ela entra no vagão na mesma hora que ele sai, troca de posição e de olhares. Ela sorri, dessa vez pra ele... ele sem saber o que fazer apenas olha...

O apito, ele da um passo a frente, ela o olha nos olhos, mais um passo e ele volta a estação...
- Oi – diz meio sem jeito e o apito da porta atrapalha mais que ajuda.
- Oi – Responde ela com o rosto tomado de um ruborizar quase juvenil
- Desculpe, eu tinha que descer nessa estação, mas...
- Volou... isso é bom... eu não sei como eu ia agir acho que se não tivesse dado o passo eu mesmo teria feito isso.
- Perderia o metro? Para falar comigo?
- É né? Estranho...
- Lindo na verdade...
-Como assim lindo?
- Nunca ninguém abriu mão de nada por mim...
- Nunca ninguém voltou atrás por mim....
- Prazer... Julio
- Prazer... Márcia ...

As estações se foram todas, umas duas vezes enquanto eles papeavam e se conheciam ali, dentro de seu castelo, os vagões se encheram e tornaram a esvaziar até que finalmente eles perceberam que ambos aviam deixado algo passar, e que ali nas linha certas de um metro, em uma estação qualquer, ambos tinham encontrado o que nunca ninguém tinha feito e eles mesmos nunca haviam feito... ambos estavam na linha certa para serem felizes.

Comentários

Anônimo disse…
Tão estranho como um dia pode mudar assim neh, e ao mesmo tempo, tão fascinante. Esse é o grande problema da rotina, ao meu ver: deixamos de reparar em pequenas coisas, retribuir pequenos gestos, q podem melhorar ou ao menos amenizar o stress do dia, facilmente.
Que em meio aos tumultos do dia ainda possamos perceber o outro e pq ñ, ajuda-lo. Que a gnt perca esse medo infantil de arriscar e se expor. Que sejamos menos mesquinhos e passemos a nos permitir viver bons momentos assim, sem pensar em duração, futuro ou no q o outro tem a oferecer. Simplesmente viver, isso basta.. Adorei o texto.

Postagens mais visitadas