Tempo, uma volta.

Ele entrou no elevador, os seus movimento eram quase que instintivos, o dedo aperta o 10 e ele caminha até próximo ao espelho, a face no espelho é sua mas ele só vê os olhos dela... e chora.
Dias antes ele entrou em casa e tal como fazia sempre ligou para ela sem perceber, ela, do outro lado da linha atendera tão friamente e secamente que ele sentiu vontade de desligar mas manteve sua postura e falou sobre amenidades, ela cada vez mais seca e fria disse de forma distante.
- Talvez eu não queira mais falar com você.
-Então me diz sem o talvez.
-Não sei se quero mais falar com você.
-Me diz com certeza.
- ... Eu não sei o que quero.
-Já me basta....
O telefone volta pro gancho antes de um ultimo adeus, e te adoro, o som agudo do telefone reconhecendo a base e ele se joga no sofá e se afoga em pensamentos.
Ele revira as gavetas, buscando fotos e fatos, mas a única coisa que lembra é da frase dela.
“- Eu não sei o que quero agora”...
E outra que ele tantas vezes não quis ouvir ...
Ele hoje sai do elevador, abre a porta, senta-se no sofá e olhando o telefone sem chamadas e vendo os utimos números discados lembra...
- Eu sempre ligo pra ela... mas hoje... hoje não...
E deita a cabeça no braço duro de seu sofá e sonha acordar meses antes..
Mas o tempo só anda para frente... ele nunca volta...

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