Abrir a janela não é correr na rua.

Ela continuou olhando para o rapaz na foto, mesmo sabendo que ele não voltaria ela continuou a olhar, aquele jovem não voltaria mesmo estando no quarto ao lado ele não era mais o mesmo, não era mais o jovem da foto.
- O que foi que aconteceu com a gente? - Perguntou ela pondo o porta retrato na mesa de canto ao lado do telefone , - sério, o que aconteceu ? a gente se dava tão bem, a gente sempre ouvia o que o outro tinha pra falar, não questionava se era certo ou errado apenas ouvia e juntos chegávamos a uma decisão... o que aconteceu com a gente?
Na sala ao lado, o jovem deitado na cama com os pés fora do colchão olhava em seu celular algumas fotos antigas, sorria de forma boba e infantil, mas em seu rosto corria um pequeno riacho de lagrimas que já molhavam o travesseiro, e quando ele pensou em desligar o celular ouviu a pergunta da jovem que estava na sala ao lado, pensou um pouco e respondeu.
- Não sei, realmente não sei o que aconteceu com a gente, acho que crescemos, ficamos duros calejados e fomos nos fechando cada vez mais em nossos mundos, impedindo que a gente sofra de novo alguma coisa, ou desaponte a outra pessoa ou pior, a nós mesmos, não sei, acho que é isso a gente mudou... cresceu... não sei se é bom ou ruim... mas aconteceu.
Ela sentada no sofá, levantou-se e caminhou até a porta, do corredor que dava para a sala ao lado, e pela porta pode ver ele pondo o celular ao lado da perna e alguns tempo depois respondeu sua pergunta... ela ouviu atentamente ao que ele dizia respirou fundo mas muito suave andou até a porta do quarto e olhando o jovem de cabelos curtos e olhos fechados deitado na cama deixou escapar.
- Você não esta feliz? Digo, não se sente bem em estar comigo? – Disse isso enquanto encostava na entrada da porta e continuou – Sei La, parece as vezes que eu fiz algo errado pra você, que te ofendi e por isso você foi se afastando... ficando cada vez mais “quieto” mudo em seu canto... e me deixando totalmente sozinha no meu.
O jovem abriu os olhos e inclinando a cabeça para a porta olho a jovem de cabelos longos e negros de cabeça baixa terminando de falar, e ele soube na hora que seu peito doía mais do que imaginava.
- Não é nada disso, - disse se sentando na cama de frente para a porta, você nunca me disse nada que tenha me magoado ou fez algo que eu desaprovasse, mas acho que também a tempos não faz o oposto, e eu também, assumo, com o tempo fui deixando as coisas caírem em esquecimento e até teu sorriso eu esqueci, por que você não sorri mais, ou por que eu não sei mais te fazer sorrir... – calçou a cabeça nas mãos e esfregando os olhos com as palmas das mãos suspirou profundamente e acabou dizendo – Acho que a gente viveu muito tempo junto sem realmente saber se quer viver junto de alguém, por isso nos isolamos nos afastamos.
- Eu por muito tempo me surpreendia quando tu chegava em casa animado com flores ou alguma coisa pra me alegrar, mas não era isso que me fazia sorrir, era olhar em seus olhos e ver que você fazia isso por vontade sua, por desejo seu de me fazer bem, que seus mimos eram na verdade uma prova simples de que gostava mesmo de mim... mas isso foi morrendo com o tempo, e se é a rotina ou a nossa vontade de ficar cada um em um canto em um dia qualquer que fez isso, eu não sei, mas eu não quero ficar assim, quero aquele jovem que sorria ao me ver descer do Ônibus, quero aquele jovem que me colocava bilhetes na bolsa em segredo, que me mandava bilhetinhos, quero o rapaz que escrevia meu nome na geladeira e desenha meus olhos de olhos fechados, quero aquele menino homem que me falava de romance e de sonhos com a mesma verdade que me contava sobre seus dia no trabalho... – Enquanto dizia isso o jovem se levantou e caminhou até ela e antes que ela pudesse terminar ele deu um beijo suave em sua testa e segurando seu queixo levantou o rosto dela e a olho fundo nos olhos e então ela disse perdida nos negros olhos dele – quero isso por que isso é amor, e era isso que me fazia sorrir.
Ele sorriu, e se perdendo em lagrimas com as lagrimas dela disse
- Tinha me esquecido como é entregar seu coração a alguém e dizer : toma faz o que quiser com ele, é teu.
-?
- Quando eu te dei o meu eu pensei que tu tinha esquecido, mas na verdade, tu guardou muito bem... Eu não sei você, mas eu Adoro estar com você e falar com você, e morro de saudades de cada segundo que gastamos em nossas conversas, mas gosto de você muito antes de tudo isso começar... Vamos voltar a ser criança? Vamos voltar a viver a vida de forma simples e rir e falar, brincar, discutir e achar uma solução?
- vamos...
Não importa se o mundo te faz achar um lugar de conforto onde nada te atinja, por que na verdade não esta em um lugar de conforto, esta isolado, estagnado na vida quando algo te agride mesmo que pareça o fim, que nada mais faz sentido, essa mesma força te faz andar, sair de onde esta e procurar um outro lugar que te pareça bom.
Permanecer sempre no mesmo lugar não é viver e tez experiências... é observar como os outros vivem..
“Te digo, abrir a janela não é a mesma coisa que correr na rua”

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