Créditos Finais.

Uma vez mais ele respirou fundo e levantou-se do sofá, a campainha tocava já alguns minutos mas mesmo assim ele esperava que a insistência fosse vencida por sua vontade de afundar no sofá e desaparecer nas almofadas. Mas ele fora vencido e ao atender o interfone que freneticamente gritava permitiu que dois amigos viessem a sua casa... antes fosse apenas um pensou ele desligando o interfone...
A porta se abre e logo o sorriso de seus amigos entra na sala como gilete fria em carne quente. A alegria que os dois derramavam no ambiente era antagônica a imagem do seu amigo solitário no sofá... mas logo a conversa vou tomando ares mais festivos e alegres e um DVD passou a rodar, um filme qualquer, uma história qualquer... apenas uma desculpa para os dois permanecerem ali por mais tempo...
Mesmo assim o modorrento amigo pouco se animava, sorria Cortez mente aos amigos e até fingia entender e curtir algumas piadas... mas no fundo sua vontade era de apagar tudo cobrir-se com a manta do sofá e deixar as horas passarem lentas ou rapidamente, não importava...
Os amigos rindo alto, abrindo e fechando a geladeira, tomando sua cerveja, água e refrigerante... mas nada disso o fazia tremer... o que o incomodava de verdade era a ausência quase que tátil que ela deixou ali.
Os amigos nem notavam mais não mais existiam fotos na sala, o quadro grande pintado a pontos por ele não mais decorava o espaço sobre a TV. A geladeira não era mais adornada por fotos e recados... mas ambos amigos sorridentes perceberam que pairava no ar um certo perfume mórbido e funéreo .
Os movimentos do entristecido amigo eram quase que desprovidos de vontade, ali residia uma alma? Chegou um de seus amigos pensar, enquanto o outro lutava com sua vontade de surtir alguma reação menos soturna do amigo que se encolhia no sofá como se ali não fosse mais sua morada.
- O que aconteceu? – Finalmente perguntou o amigo que em um gole seco de cerveja tomava animo para prosseguir com a prosa.
- Nada... não aconteceu nada.
- E por que esta assim quieto, calado, sempre foi o mais animado, o mais divertido, o mais ativo, por que esta assim?
- Quer saber a verdade?
- Sim, -Responderam os dois amigos em uníssono.

- Antes eu chegava em casa, abria a porta e tinha a certeza que aqui morava alguém, eram perfumes diferentes, sons, eram pessoas que se falavam, uma ou outra briga seguidas em momentos calados mas... sempre sorriamos e nos olhávamos, era tolice brigar... a gente se gostava... nos amávamos mas... hoje o que vive? Uma parte solitária perdida sem esperanças.
- É companheiro... te entendo é difícil mesmo... mas você há de encontrar outra... á de viver um outro amor..(e antes de terminar o amigo noturno disse)
- E quem pode viver um outro amor sabendo que o seu amor não o ama? De certo amigo, não alguém que preze de verdade a frase “eu te amo”... Não... não vou encontrar outro amor, pois não perdi o meu... ele ainda esta aqui... não morreu... mesmo que ela tenha casar-se com outro... mesmo que ela tenha tido com outro o que eu buscava nela... ainda vive em mim essa vontade.. ainda vive em mim esse desejo.
Mas o amigo que até então mantinha-se calado ouvindo a conversa dos dois amigos disse
- Então vamos todos ficar de luto como se alguém fosse enterrado vivo? Somos seus amigos e lá fora existem outras tantas pessoas que podem ser sim, talvez não o seu amor verdadeiro, o mais importante, mas podem ser pra ti alguma luz, ou esperança.
- Esperança? De que?
-De que quem partiu sem ter partido de verdade volte e cole as partes... de que acorde e perceba que mesmo tu tendo vivido um ou outro romance, vive com ela uma verdadeira história de amor... mesmo que não tenha o final feliz... mas pode ter um bom final... não vivemos em contos de fadas não é?
- É verdade... não vivemos.... e nem vivemos filmes... nem tudo é como a gente gostaria que fosse...
Posto isso os 3 amigos sentaram-se no sofá , e suspiravam profundamente enquanto o filme exibia os créditos finais...

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