banho.

Entrou em casa soltando tudo que tinha, chaves, mochila e o telefone, esperava que deixando tudo isso senti-se um pouco mas leve, mas ainda andava pesadamente e caminhando ao banheiro foi arrancando peça por peça de roupa e ainda assim sentia-se pesado preso ao chão... entrou no banho, deixou a água lavar seu corpo e esperou que assim livre do peso do dia pudesse sentir-se mais leve... mas mesmo assim sentia-se pesado.
Lembrando-se de cada segundo de seu dia, de cada momento que teve recostou-se a parede e como os pingos que ali escorriam também escorreu e acabou sentando-se sob a água do chuveiro.
A tristeza essa dama que a muito vinha atormentando seus dias conseguiu fazer seu trabalho, o pois ali sentado no piso frio com o jato de água quente em suas costas...
A saudade essa menina mimada que a muito o visitava nas noites frias e nos dias vazios agora fazia companhia a ele em todos os momentos, não fazia muito tempo... ou fazia?
Levantou o rosto e a água agora atingia sua cabeça e ele pensou sentir os dedos dela em sal cabelo, os olhos começaram a pesar... e arder... levantou-se lentamente, e buscando nos gestos comuns de se lavar um pouco de tempo em não pensar nela mas... não conseguia... sempre lembrava-se dela... sempre sorrindo sempre caminhando a seu lado...
Balançou a cabeça como quem afugenta um cão, e deixou escapar em meio aos suspiros o nome sussurrado dela... e deis como que arrancando de si uma flecha ou uma bola de espinhos pela garganta um grito... e novamente seu nome.
A cabeça bateu na parede, reflexo da grito?, não, um ato sem explicação e um grito sem sentido...
Quis ser mais forte, e entender tudo que estava acontecendo, queria muito saber o que fazer e como fazer mas... sua mente vazia de sentido pegava-se, ou se apagava as lembranças como se fossem elas a única saída...
Logo ele que a tempos sentia-se seco, vazio e sem sentido viu-se molhando o rosto para lavar suas lagrimas... a tantos dias, meses... acreditava até que fossem anos... ele não chorava assim.
Chorava porque? Qualquer um perguntaria isso, e a resposta era simples e derradeira.
Chorava por que tivera que se despedir dela para sempre... chorava porque um dia ou outro a verdade seria entregue em uma carta ou convite... como foi... chorava por que desde seu ultimo encontro com ela até aquele dia perdido no tempo mesmo que veladamente até para ele mesmo... ele guardava a esperança de um dia mudar isso... mas não pode...
E ali deixando a água quente correr em suas cotas e as lagrimas em seu rosto, revivia todos os dias que viveu ao lado dela... reviveu todas as frases, todas os gestos, todos os toques lembrou-se de todas as noites... dias... tardes... lembrou-se de tudo... mas não conseguiu se lembrar de como fazer para não lembrar mais... e esqueceu-se de esquecer... e chorou mais por isso.
Ele copiosamente como criança, chorava e sabia que não mais poderia... nunca mais... e o motivo dessa certeza agora se encontrava amassado e junto com suas roupas no chão do quarto... com letras douradas em um papel bem cuidado... as inicias dela e dele... Não existia mais chances... agora o casamento estava consumado...

Ele não tinha o que fazer... e nem saberia o que fazer... fechou os olhos... e lembrou-se dela sorrindo e recostando a cabeça em seu peito...
“é assim que vou lembrar de você... sempre....”

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