Taj Mahal

Nunca foi tão importante para ela passar aquelas poucas horas com ele no fim do dia, Pouco se importava se ao sair da escola ela tinha que cruzar a cidade toda para sentar-se em uma cadeira ao lado dele e ter ali as poucas horas que a faziam sorrir por horas depois.
Ela era jovem, mais que jovem, ainda era uma criança mas a tempos já convivia com a separação de seus pais, e sabia bem que já não era mais um “menina” como sua mãe dizia e nem uma mocinha como o pai a elogiava, ela estava ali, perdida no meio das duas pontas, Não era mais menina, e nem era uma “mocinha” .
A mochila em suas costas, o passe livre pelo ônibus e a longa jornada até o trabalho de seu pai, Sempre que chegava lá era recebida com olhares curiosos das pessoas que trabalhavam com ele, e com um sorriso amplo de seu pai, esse, aquecia qualquer dia, e ela mesmo sendo muito novinha já sentia e sabia a importância desse sorriso.
- Oi Pai
- Princesa!! - Disse ele sorrindo abertamente e a abraçando como se não houvesse amanhã.- Então como foi a escola hoje?
- Da mesma forma que ontem, de ônibus – falou olhando nos olhos dele, como se fosse zangar mas a brincadeira que ele tinha começado com ela a tempos o fez sorrir ainda mais
- Danadinha hein? , Sua mãe sabe que esta aqui?
- Sabe pai, eu disse que vinha ontem , eu posso ficar um pouco?
- Claro princesa, vem vamos lá pra minha sala.

Ele passou com ela por um longo corredor enquanto todos Diziam o nome dela, e uma ou outra em tom eufórico diziam “que linda cresceu tanto” ela pensava que não podia ser verdade, uma semana não é tanto tempo assim, mas o que a fazia esquecer de tudo era ver o sorriso no rosto dele enquanto ele dizia “ É... Cresceu muito, minha princesa já é uma mocinha, vem sozinha da escola pra cá, acredita? Já já vai querer meu carro para ir passear com as amigas”
Na sala dele, as uma ampla bancada e duas mesas uma para os desenhos e outra com o computador, ela corria e sentava-se na cadeira da mesa de desenho, ela adorava, pois ela girava, girava e girava.. e ele sentava-se seu lado.
- Já fez a lição de casa?
- Não
-E por que não?
-Por que acabei de sair da escola? – Disse colocando a língua para fora
-HAHAHAh é verdade... mas é que eu tenho que fingir que sou um bom pai, sabe como é né?
- Pai... você é o melhor pai do mundo
- E você a melhor filha que o melhor pai do mundo poderia querer, mas você não vai me enrolar, já fazer sua lição, assim a gente passa mais tempo junto no fim de semana.
-E o que a gente vai fazer?
- Não sei, pensa ai e me diz.
-Já sei... que tal a gente ficar em casa, Jogar vídeo game e comer pizza?
- Não vai querer sair não?
- Eu não... mamãe sempre me leva pra sair... não aguento mais...e eu gosto de ficar com o senhor
- Você.
-Como?
- Não me chama de senhor que eu não sou tão velho assim né?
- HEHEH Ta bom pai.
Ela no alto de seus 7 anos sorria e o fazia sorrir como se não houvesse nunca existido momentos tristes em suas vidas, e ao mesmo tempo, carregava com ela a tristeza de ver os dois, pai e mãe, separados e mesmo que não dissessem abertamente infelizes.
- Mas se “você” Quiser ir la no parque que a gente ia sempre... eu vou adorar.
-O que minha princesa quiser eu faço.
-Taj mahal!!!
- O que? – pergunto um tanto assustado.
- “Você” disse que faria tudo que eu quisesse, eu quero um Taj Mahal, eu li sobre ele esses dis.
- Minha princesinha nerd.... vem ca me da um naco desse “bacon” - Disse segurando ela no colo e olhando bem nos olhos.
- Pai... Te amo.
- ... Eu também filha... eu também te amo.
Assim sentados ladeados a tarde, cada um fazendo suas tarefas eles compartilharam risos, musicas e Brincadeiras.

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