Um pouco mais.

12 de junho, e ele caminhava só pelas ruas, os pensamentos estavam em outro tempo, não ali e nem agora, pensava e lembrava um tempo que ele queria viver de novo... as pessoas, mas precisamente os casais passavam por ele e vez por outra o olhavam como se estivessem vendo um alienígena, um leproso... tudo isso por que ele caminhava só... na verdade, caminhava sem alguém ao lado, mas só ele mesmo nunca pensava assim... trazia sempre “ela “ no peito...
E talvez por uma ironia do destino, avistou a frente o inconfundível par de olhos e lábios dela... pensou em correr e dizer um oi.. mas... percebeu ao lado a figura masculina que os afastava... tremeu, recolheu a esperança que lhe saltava a garganta, e agora como quem não quer voltar a casa se agarra e em um nó se mantém ali.. quase impedindo-o de respirar...
Ele percebe que ela também o viu.. os dois se olham mas não se falam, e falar pra que? O que poderia ser dito... fora a existência dos dois o mundo parecia o mesmo, mas para ele, nos olhos dela tudo se acalmava... eles passam um pelo outro.. ele para e a segue se afastando
Ela, incapaz de controlar sua vontade olha por sobre o ombro e pensa mesmo a distancia e entre tanta gente ter visto no rosto dele uma lagrima correndo... mas tem certeza de ver um sorriso largo, um largo sorriso que vencia as lagrimas.
Ela se vira... ao ouvir a voz de seu companheiro perguntando”o que foi?” como se houvesse resposta ao que ela sentia, caminhou apenas a seu lado e deixou o jovem para trás... passo a passo.. mais e mais...até que um ano se passou, talvez um pouco mais...
Ela agora sentada esperando seu ônibus viu um jovem atravessando a rua, cabelos negros, olhos peados... tão pesados que viam apenas a rua, o chão... ela logos se levantou, tanto tempo depois ainda tinha vontade de fazer uma pergunta a ele, caminhando até o encontro do rapaz disse um simples “oi”
Ele caminhava apressadamente pelas ruas, pensamentos tão antigos em sua cabeça e os olhos fixos no chão, tudo parecia puxar ele para baixo...tudo o fazia tremer... mas uma voz simples, um “oi” tão comum como qualquer outro... o fez levantar os olhos e ver
Os cabelos encaracolados, os olhos castanhos... a aqueles olhos... ele os reconheceria mesmo que 100 anos tivessem passado... e ao oi dela respondeu com um sorridente ola...
Ele pensou em falar... mas ela foi mais rápida.

- Posso te fazer uma pergunta?
- Claro...
- Lembra que a gente se viu a um tempo!?
- Sim, lembro, dia dos namorados, a um pouco mais de um ano.
- a sim, não lembrava o dia... bem.. queria te fazer uma pergunta... posso!?
- Claro... já seriam 3 mas pode fazer todas.
- Por que estava sorrindo aquele dia quando eu fui embora e nem falei com você?
- Porque... bem... no começo eu chorei... sabia que tinha te perdido, e por isso não resisti e deixei meus olhos abrirem as comportas e jorrarem, mas a cada passo que dava eu via ele te segurando, apertando e você se aproximando mais e mais dele... era visível sua felicidade com ele... e por isso eu sorri...

- Não entendo.. você ficou feliz em me ver com outro?
-Bem, eu vou te dizer de outra forma... Eu te amo... e esse meu amor me fez rir por te ver feliz... eu sorria por sua felicidade e chorava por não ser eu o motivo dela...
Os dois se olharam como a muito não faziam e ela disse.

- Você sempre me diz coisas que me confundem tanto...
- Isso por que eu sempre digo a verdade... te amo... ainda te amo...e acho que vai ser assim até o fim...
- Mas eu to casada, tenho filha... você tem que viver sua vida.
- Eu vivo... incompleto... mas vivo...
-Incompleto?
Tenho tudo que quero... mas não tenho o que preciso... não tenho você comigo... mas me basta saber que esta feliz, me basta saber que esta sorrindo... assim eu vou vivendo, regando com lagrimas o meu sorriso e esperando que o seu brilhe sempre como sempre te disse que brilhava pra mim...
O tempo acabou vencendo e os dois se afastaram, não se sabe se alguma vez eles se encontram novamente mas posso afirmar que ao menos nele ficou sempre uma vontade de que tudo durasse um pouco mais...

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