Ok... só por ela..

Afastou-se da porta e fechou os olhos enquanto ela se fechava e a voz padronizada informava as próxima estação, as portas se fecham e ele apóia a cabeça a mochila em sua mão pesava menos que os pensamentos e estes estavam andando mais rápido que o tem.
Os olhos espremidos retinham ao máximo a vontade de tornar liquido seus sentimentos, mas não agora... a saudade era grande mas não era o momento, logo o aviso da estação o trouxe de volta a realidade, e seus passos percorreram a estação, as pessoas se espremiam ávidos por um lugar na escada rolante mas ele... ele preferia o espaço mesmo que cansativo da solitária escada, passo a passo, degrau a degrau ele subiu a superfície e pode sentir o vento frio tocar sua face... chovia.
Ela acordou cedo, o banho que a despertava melhor que o som agudo do seu despertador, as roupas a bolsa tudo em seu devido lugar e logo ela descia o pequeno lance de escadas te caminhava a cozinha. O café quente já espera na cafeteira, e junto a ela um bilhete, nada muito elaborado, apenas umas poucas linhas com pedidos de favores e informações para o dia, no fim um simples “beijo, bom dia”
Suspirou profundamente e quase arrependeu-se, mas não... ela nunca se arrepende de nada, as suas escolhos são feitas e as conseqüências aceitas, passou pela geladeira, pegou as contas que ali estavam afixadas com um imã decorado com a imagem de um esquilo de óculos, ela adorava essas pequenas besteirinhas mas seu companheiro achava “tolices” ... as contas na bolsa e o guarda chuva em punho... parecia que iria ser um dia modorrento.
Ele abriu o guarda chuva e caminhou apressadamente para o ônibus, mais 40 minutos de transito e ele estaria no seu trabalho, a fila no ponto não era longa,8 pessoas, desajeitadamente ele segurou o guarda chuva enquanto punha seu head fone, Adele cantando “i´ll be waiting” o fez temer que o nó em sua garganta voltasse forte... mas ele pensou de novo não é a hora... nem o lugar... logo ele estava sentando-se em um banco alto perto da janela, e a seu lado uma senhora de mãos tão enrugadas lhe dava um sorriso mais antigo que possuía e ele sorriu de volta o mais verdadeiro que pode.
Logo ele reparou que todo dia os mesmos rostos estavam ali a sua volta, as vezes trocando de lugares as vezes sentando-se metodicamente no mesmo lugar... e isso o fez pensar que seu dia seria altamente Monótono.
Ela entrou no ônibus, entulhado de pessoas guarda chuvas,bolsas e crianças indo a escola, sorriu ao encontrar um lugar para pode se recostar e por seus fones de ouvido, Renato Russo começou então seus primeiros versos de fabrica, e ele logo pensou em tudo que a esperava em seu trabalho... mas foi ela quem escolheu esse, e isso a fazia bem, ela suspirou novamente e passou a seleção de suas musicas, logo escolheu a seqüência que iria ocupar sua mente já que ali no aperto claustrofóbico de sua condução estava impossível ler seus contos e livros.

O transito parecia pior talvez a chuva, mas ela fechava os olhos e se ligava as vozes em seu ouvido, calando os gritos mudos de sua mente. “Melhor não pensar... não quero pensar” do lado de fora a chuva diminuía e ela se aproximava do lugar costuma descer, mais uma ou duas quadras andando e logo estaria no trabalho, mas seu celular tocou, ao que parece sua chefe chegou mais cedo e já pedia os relatórios do dia anterior, o balanço do mês... e ela só pode dizer que assim que chegasse no escritório mandaria para ela, seu dia não prometia ser dos melhores...
Ele abriu a porta e entrou na pequena sala, atrás a jovem produtora já vinha com mais uma lista de tarefas e a sua mesa já estava repleta de outras tantas, ironizando disse um “bom dia para você também “ ao contato que entrou em sua sala já pedindo os trabalhos do cliente logo que ele entregou o aviso de e-mail recebido e a mensagem “reunião as 13h” abaixou a cabeça e quis desistir mas...

Ela sentou-se na sua cadeira enviou os e-mails com os relatórios e balanços, leu a lauda da reunião do dia anterior fez o balanço e programou seu dia, respirou fundo e quando ia iniciar seus afazeres suas colegas de trabalho aparecem entulhando ainda mais sua mesa com projetos e tabelas, as contas não batiam, a verba era pouca... ela respirou fundo e pensou em desistir mas...
Ao levantar os olhos, em meio as folhas de e-mail, planilhas, bilhetes e pastas, uma menina de olhos fechadinhos e uma boca com dois dentinhos em um sorriso largo estivava a mão com seus dedinhos gordinhos, como quem tenta alcançar a realidade fora daquela pequena moldura .
Ele pensou em como elas estariam, e se sua princesa estava bem... e como ela estaria, fechou os olhos e quase deixou escapar mais de uma lagrima mas ele pensou...não .. não é hora nem lugar
Ela lembrou-se dele, fechou lentamente os olhos, pensou em se arrepender de ter deixado essa vida para trás, mas não... ela não se arrependia de nada estava vivendo o que sempre quis viver... estava fazendo a sua parte.

Ambos olharam novamente para a foto e cada um, em seu dia monótono e cotidiano pensaram apenas
“Ok... Por ela... só por ela...”

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