Sentidos
Ela entrou no carro e ligou o radio, pouco antes de sair do estacionamento, Passenger iniciava os acordes no piano de Let Her Go, ela então ligou o limpador de de para-brisa e seguiu o caminho sendo banhada por uma chuva fina do lado de fora, e inundada de lembranças dentro, Ela não sabia o que fazer, mas tinha uma ideia do que seria o melhor, nada testava como ela imaginava, tudo estava fora do lugar, ou melhor... quase tudo...
Ele sentou-se no seu canto, apagou as luzes e apenas fechou os olhos enquanto colocava os fones, em poucos segundos a voz de Jason marz começa i wont give up, ele suspira uma vez mais, ele sabe que existem batalhas que não pode vencer, sabe lutaria para sempre, mas nem tudo acontece como os sonhos, muitas vezes o receio e a certeza se confundem... e antes do fim da primeira estrofe ele já está com os olhos molhados.
Ela contorna a esquina e entra na via que sabe que estará parada, o transito está tão caótico como o peito dela, nada em ordem e tudo focado no certo, ao menos o que aparenta certo, ela olha para o celular no banco ao lado e percebe que não procura atoa, ela sente falta de uma ou outra mensagem dele, sente falta mas não pode sentir mais que isso.. Ela tem que deixar ir... e suspira enxugando o para-brisa e seus olhos, o sinal vermelho ainda pisca a frente antes que ela possa mover o carro... tudo está parado. Indo para algum lugar...
Ele se move na cama, os fones acabam afundando ainda mais em seus ouvidos, o que te faz ouvir ainda mais perto os agudos, seus olhos agora não são mais dele, eles estão mergulhados em um mar de lagrimas não de dor, não de magoas muito menos de sofrimento, ele sabe que o melhor que pode fazer para ele, e para ela é exatamente isso... soltar a corta... soltar e torcer para que aquela máxima da vida esteja certa... tudo volta se tiver que ser... mas ele não quer apostar... ele não quer desistir... mas tem... e sabe disso...
Ela sobe a pequena rampa e se prepara para estacionar o carro, o som do motor diminui e logo o rádio se desliga... ela suspira e olha uma vez mais para o celular... uma nova mensagem dele... “Fique bem, eu sei que você vai odiar isso... mas, acho que está certa... é melhor, te cuida... e fique bem... “ ela sabe o quanto deve ser difícil para ele dizer isso, porque é para ela uma dor ler... não são sonhos que se pedem, não são desejos que se desfazem... são dois peitos que se separam... e ela sabe o quanto isso é grande para ele, ela chora... enquanto o ar quente do estacionamento seca lentamente o carro.
Ele coloca o telefone do lado e volta-se para o teto escuro, “I won't give up on us ,Even if the skies, get rough, I'm giving you all my love, I'm still looking up, I'm still looking up” ele olha para o teto mesmo sem ver nada, e vai lentamente se lembrando de tras para frente de todos os momentos juntos, cada sorriso, cada abraço, cada beijo, e cada passeio, vai se lembrando dos cabelos dela enrolados com os dedos dele, vai se lembrando das noites sem dormir, vai se recordando dos primeiros “ois” trocados, e olhares... até que lembra-se apenas dela entrando no restaurante com as malas na mão... e por fim... mais nada...até que um brilho o faz olhar para o lado, uma nova mensagem. “Quero te ver bem, sempre, nunca quis te ver ou fazer mal, eu não odeio nada... e já desculpei tudo... espero não deixar de te ver” Ele sabe que isso é mais do que ela consegue dizer agora, e não apaga o celular... ele fica horas olhando a tela de brilho azulado... e acaba esquecendo como se faz para dormir... e para trancar as comportas dos olhos.
Em algum lugar da cidade um casal se beija, se ama, enquanto em outro lugar... um casal se enxuga e se prepara para o que vai vir... seja o que for... nada pode ser pior do que não estarem juntos... nada seria pior do que se perderem como se perderam... e eles sabem...
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