hora certa
Chovia, uma garoa fina e constante a marquise servia como proteção mas ridiculamente insuficiente, a calça de jeans e as botas pesavam com o tempo exposta a constante chuva... isso a fazia pensar que tanto intensidade ou tempo são dispares mas ao mesmo tempo tem o mesmo resultado.
O cigarro no canto de boca o fazia lembrar do vicio que gostaria de largar, mas o vicio maior o fazia ficar ali, com as botas molhadas e a calça encharcada em frente a uma janela que não se abria a tempos... os carros passavam alheios a sua presença e a cada tragada do cigarro ele mesmo ia se esquecendo de sua existência... e o frio de fora ia se equiparando ao frio do peito.
Aos poucos as luzes foram se acendendo, e a cortina se abrindo, ele pode ver os contornos dela antes que ela percebesse ele do outro lado da rua, ele apagava o cigarro na sola da bota e com passos decididos atravessava a rua, agora a chuva pouco importava.
Ela por sua vez calçou seus chinelos pegou um casaco e desceu os 3 lances de escada... chegando a porta antes que ele tocasse a campainha e como um gato saltando sobre o rato lançou-lhe a fatídica pergunta.
- O que faz aqui?
- Precisava te dizer uma coisa. – Disse ele mais de conta partida e com olhar baixo.
-Ta, então diz logo, sabe muito bem que não quero que venha aqui.
- Estou indo embora.
-Como? Não entendi.
-Eu estou indo embora, vou sair da cidade, na verdade vou sair do pais.
- ... E daí!? ... o que tenho eu com isso? – Disse ela com a voz iniciando um tom de receios
- Na verdade nada, estou cuidando de mim mas precisava te dizer isso. Precisava olhar uma ultima vez nos seus olhos e dizer isso... e tentar notar neles se o que me diz agora é realmente verdade...- disse ele levantando o rosto e a olhando fundo nos olhos.. – Eu to indo embora...
- ...
- É estranho mas percebo que mesmo dizendo e fingindo uma postura de pouca importância a esse fato, você se incomoda com o mesmo.
-Me incomodo com o que?
- Com eu sair... ainda mais de sua vida.
-Não me incomoda... disse ela segurando seu cotovelo e mexendo com o pé
-Não? Te conheço a tanto tempo que sei bem quando se incomoda... e esta assustada.
-Sim admito que sim, esta indo para longe como quem foge de alguma coisa. E existe algo para fugir? Eu acho que não.
-Sim existe.
-O que?
- Fujo de você...
- De mim?
- Sim, se aqui do pensamento eu não consigo te tirar... quem sabe te tirando dos olhos eu te consiga não pensar tanto em uma coisa que sempre quis te dizer mas nunca achei que fosse a hora certa...
-... e o que seria?
- Não é a hora... de que adianta te dizer agora...
-... nada... ou quem sabe... tudo...
-Lembra do dia em que te levei para o corcovado? Estava uma tarde fria, um pouco parecida com essa, só que não chovia, você me olhou nos olhos e me perguntou “ por que me trouxe aqui em um dia nublado?” bem eu tinha pensado em te dizer um monte de coisas mas seu jeito, e como parecia distante aquele dia me fizeram segurar...
- Me dizer o que?
- Dizer o quanto penso em você, todos os dias, como teu sorriso ilumina mesmo sendo um dia de chuva, como você estava linda com os cabelos soltos, mesmo aquela mecha que teimava em cair sobre seus olhos, e como eu gostaria que aquele dia fosse longo o suficiente para poder dizer tudo que sentia... e principalmente para te fazer uma pergunta.
- Que pergunta homem? Tu me perguntava tanta coisa, aliais repetia as mesmas perguntas sempre...
- essa eu nunca tinha feito... ia te perguntar... “ quer casar comigo?”...
- ...
- Mas a verdade é que mesmo que eu tivesse te perguntado ali, ou no jantar uma semana depois, ou no dia de seu aniversário, na festa de fim de ano, no dia da briga que tivemos, no nosso aniversario de namoro, não importa... não importaria o dia que eu escolhesse nunca seria a hora certa..
-Por que você não perguntou?
-Adiantaria?
-Acho que sim...
- Quer casar comigo?
-...
Na verdade nunca se soube se era ou não a hora certa, e se adiantou ou não ter perguntado, não existiam testemunhas, ninguém viu a porta se fechar, ou o jovem virar as costas, ninguém ouvi uma resposta ou presenciou um beijo... a grande verdade é que a chuva continuou a cair o dia todo, e que em algum lugar alguém pediu alguém em casamento... e lá era a hora certa...
O cigarro no canto de boca o fazia lembrar do vicio que gostaria de largar, mas o vicio maior o fazia ficar ali, com as botas molhadas e a calça encharcada em frente a uma janela que não se abria a tempos... os carros passavam alheios a sua presença e a cada tragada do cigarro ele mesmo ia se esquecendo de sua existência... e o frio de fora ia se equiparando ao frio do peito.
Aos poucos as luzes foram se acendendo, e a cortina se abrindo, ele pode ver os contornos dela antes que ela percebesse ele do outro lado da rua, ele apagava o cigarro na sola da bota e com passos decididos atravessava a rua, agora a chuva pouco importava.
Ela por sua vez calçou seus chinelos pegou um casaco e desceu os 3 lances de escada... chegando a porta antes que ele tocasse a campainha e como um gato saltando sobre o rato lançou-lhe a fatídica pergunta.
- O que faz aqui?
- Precisava te dizer uma coisa. – Disse ele mais de conta partida e com olhar baixo.
-Ta, então diz logo, sabe muito bem que não quero que venha aqui.
- Estou indo embora.
-Como? Não entendi.
-Eu estou indo embora, vou sair da cidade, na verdade vou sair do pais.
- ... E daí!? ... o que tenho eu com isso? – Disse ela com a voz iniciando um tom de receios
- Na verdade nada, estou cuidando de mim mas precisava te dizer isso. Precisava olhar uma ultima vez nos seus olhos e dizer isso... e tentar notar neles se o que me diz agora é realmente verdade...- disse ele levantando o rosto e a olhando fundo nos olhos.. – Eu to indo embora...
- ...
- É estranho mas percebo que mesmo dizendo e fingindo uma postura de pouca importância a esse fato, você se incomoda com o mesmo.
-Me incomodo com o que?
- Com eu sair... ainda mais de sua vida.
-Não me incomoda... disse ela segurando seu cotovelo e mexendo com o pé
-Não? Te conheço a tanto tempo que sei bem quando se incomoda... e esta assustada.
-Sim admito que sim, esta indo para longe como quem foge de alguma coisa. E existe algo para fugir? Eu acho que não.
-Sim existe.
-O que?
- Fujo de você...
- De mim?
- Sim, se aqui do pensamento eu não consigo te tirar... quem sabe te tirando dos olhos eu te consiga não pensar tanto em uma coisa que sempre quis te dizer mas nunca achei que fosse a hora certa...
-... e o que seria?
- Não é a hora... de que adianta te dizer agora...
-... nada... ou quem sabe... tudo...
-Lembra do dia em que te levei para o corcovado? Estava uma tarde fria, um pouco parecida com essa, só que não chovia, você me olhou nos olhos e me perguntou “ por que me trouxe aqui em um dia nublado?” bem eu tinha pensado em te dizer um monte de coisas mas seu jeito, e como parecia distante aquele dia me fizeram segurar...
- Me dizer o que?
- Dizer o quanto penso em você, todos os dias, como teu sorriso ilumina mesmo sendo um dia de chuva, como você estava linda com os cabelos soltos, mesmo aquela mecha que teimava em cair sobre seus olhos, e como eu gostaria que aquele dia fosse longo o suficiente para poder dizer tudo que sentia... e principalmente para te fazer uma pergunta.
- Que pergunta homem? Tu me perguntava tanta coisa, aliais repetia as mesmas perguntas sempre...
- essa eu nunca tinha feito... ia te perguntar... “ quer casar comigo?”...
- ...
- Mas a verdade é que mesmo que eu tivesse te perguntado ali, ou no jantar uma semana depois, ou no dia de seu aniversário, na festa de fim de ano, no dia da briga que tivemos, no nosso aniversario de namoro, não importa... não importaria o dia que eu escolhesse nunca seria a hora certa..
-Por que você não perguntou?
-Adiantaria?
-Acho que sim...
- Quer casar comigo?
-...
Na verdade nunca se soube se era ou não a hora certa, e se adiantou ou não ter perguntado, não existiam testemunhas, ninguém viu a porta se fechar, ou o jovem virar as costas, ninguém ouvi uma resposta ou presenciou um beijo... a grande verdade é que a chuva continuou a cair o dia todo, e que em algum lugar alguém pediu alguém em casamento... e lá era a hora certa...
Comentários
Eu tentei ler este texto umas duas vezes... E não conseguia... Por fiim... terminei... com lágrimas nos olhos... mas terminei.
Que texto lindo...
Hoje eu estou sem palavras...
Mas aguardo ansiosa pelo próximo texto.
Beijos
Raissa