Eclipse

O garoto corria pelo campo com o vidro cheio de vagalumes a noite começava a cair escura e fria e o jovem menino de olhos brilhantes corria velozmente para casa, ao longe a imagem de seu velho avô sentando na varanda da casa de sape pitando seu cigarro de palha e o som suave do “nheee nheee” da cadeira de balanço no assoalho de madeira.
- Vôoo peguei um monte de vagalume, olha só?
- É pegou mesmo, um tanto de estrelinha.
-Estrelinhas?
O velho sentou o garoto no colo com o pote cheio de vagalumes e alguns besouros, e começou a contar.
A muito tempo atrás, antes dos homens esquecerem como falar com as plantas e o vento, existiu um jovem que era apaixonado por uma moça, essa moça era filha do vento, irmã da manhã e sendo ela a noite ninguém a segurava, ninguém a conquistava. Ela andava por ai, seguindo longe seu amor, sem perceber que o jovem era apaixonado por ela, mas ela amava um outro, amava um bicho arrogante que sempre dava as costas a ela, e se afastava dela... mas ela a noite sempre seguia o dia... sempre.
“o jovem menino de olhos brilhantes olhava atentamente o seu avô contando a história enquanto a noite vinha chegando”
Mas certo momento, o jovem apaixonado gritou a noite que ela olhasse para ele, que percebesse a ele, ela olhou e com seu vestido negro chegou perto dele, e perguntou
- O que uma pessoa como você pode me dar? Eu escureço sua imagem, apago seus passos, você não tem força para segurar e nem me manter em meu lugar... o que pode oferecer um simples homem a noite?
- Eu sempre pensei que a noite já tinha tudo que quisera, vejo ela caminhar atrás do egocêntrico dia que brilha e queima a quem o segue como os homens , eu porem vivo sempre olhando seu vazio vestido negro me se sinto mais feliz andando em sua companhia mesmo que não me note, eu estou sempre sorrindo a teus cabelos negros.
A noite sorriu, e passou a reparar que toda vez que ela se aproximava ele, o jovem estava La sentado na pedra esperando ela chegar atrás do sol que já se ia do outro lado...
- O que posso te dar bela noite?
-Me de algo que anuncie a minha cegada, quem sabe assim eu perceba que tu realmente me ama.
E assim a noite foi passando por esse jovem e ele pensou e pensou, passou o dia trancado em seu quarto escuro enquanto o dia ardia em ciúmes, mas a noite vinha chegando e ele sentado com um grande embrulho no colo esperou a noite chegar
-O que tens pra mim jovem?
- Não sei bem, se vai te anunciar aos outros, mas a mim sempre me fará te ver chegando ao longe. – Desembrulhou um grande broche feito de prata pura, que assim que saiu do embrulho brilhou refletindo a luz do dia que ia do outro lado.
A lua pegou seu broche e pois no vestido negro, e sorrindo disse.
-Me deu algo que me faz ser notada, e ainda ilumina um pouco sua face, assim posso ver que sorri quando eu chego, mas e quando esquecer seu presente? Como vai me ver? Como vou ver você?
Novamente o rapaz passou o dia pensando e o chegar da noite com grandes potes a seu lado gritou a lua.

- Não se apresse noite, pois eu vou decorar seu vestido com brilho vindo de seu sorriso...
E dito isso abriu os potes, e grandes vagalumes voaram por sobre a noite e pousaram em seu vestido, cada vagalume brilhava forte, e assim a lua pode ver o jovem sentado na pedra tinha os olhos mais lindos que ela já viu, e sorria apenas por ver a noite chegar agora com um vestido cintilante de brilhos, e um broche redondo brilhante.
A noite apaixonou-se por esse jovem, e deu a ele o nome de eclipse, pois ele apagou o brilho do dia.
O avô olhou o jovem menino que saltava do colo do avô e corria para o quintal enquanto a noite chegava soltou os vagalumes dizendo
- Vai estrela, a noite precisa de estrelas...
O velho avô percebeu ele mesmo faria isso se ainda tivesse sua dama de vestido negro como a noite. E o nheee nheee continuou até tarde da noite... e era uma noite de lua cheia, a mais linda noite que já se viu... e umas tantas estelas novas foram vistas em seu vestido novo.

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