Imagem nas lnuvens.

O velho senhor segurava a mão de seu neto como quem seguro um de seus maiores tesouros, o sorriso orgulhoso no rosto dele era visível mesmo por quem nunca viu alguém sorrir verdadeiramente, os olhos brilhantes do pequeno garoto descobrindo as cores, e plantas do parque o deixava inda mais feliz, vez por outra ajoelhava-se ao lado da criança apontava algum bichinho e contava a ele algo sobre esse inseto ou animal, o garoto sentia-se totalmente especial ao ver seu avô o olhando nos olhos e contando tudo que sabia para ele.
Os passos curtos do garoto eram respeitados pela vontade do velho de ficar mais e mais tempo com ele, a grama verde se estendia por longas distancias, e por fim o pic-nic estava ali, a toalha sobre a grama e a cesta com algumas guloseimas e os refrigerantes que seu neto tanto gosta.
“Deveria tomar suco e não essas coisa cheias de químicas, vão estragar seus dentes” e a criança já esbanjando inteligência diz “mas mamãe me disse que eles vão cair mesmo” o senhor aproveitava e sorria abertamente com a perspicácia de seu neto.
Deitados olhando o céu as brincadeiras do tempo de infância do senhor tomam formas novas na vida do menino, descobrir formas nas nuvens hoje são todos, garumon e digimons, antes, elefantes baleias mas mesmo assim o sorriso é largo. Até o neto de ficar de pé ao lado do avo e dizer
-Vô, a vovó ta no céu?
-...
-Em vô? Ela ta la?
-Sim, ta sim
-E a gente pode ver?
-Não, mas ela pode ver a gente.
-Eu nunca vi a vovó. Só em foto velha, ela era bonita?
os olhos do velho se enchem de lagrimas ele abraça o neto que pensa ter feito uma pergunta ruim e má hora, até que o avo o olha nos olhos e diz
-Sua avó era a mais linda das mulheres.
-E como ela era?
O avo abaixa a cabeça esfrega os olhos e levanta novamente olhando os olhos do menino, puros e sem culpa.
-Ela era doce, como algodão doce, aquele que come e desmancha na boca, e fica marcada na língua da cor que ele for, era cuidadosa como uma gata, cuidava dos filhos como ninguém jamais vai cuidar, tinha um sorriso lindo, capaz de fazer o tempo parar, e cabelos que lutavam para ter sempre a mesma força que ela. Sua avó era do tamanho certo para ser notada quando queria e passar despercebida quando era preciso, era capaz de fazer você se sentir amado com um olhar...
O jovem garoto olha o avô, e toca o rosto dele, e assim com as mãos segurando o rosto do avô com tanta candura e carinho diz.
-O senhor amou muito a vovó né?
- ... Amei... ou melhor ainda amo.
-Mesmo ela la no céu?
-Principalmente por isso...
O jovem menino abre os olhos e vê o rosto de seu avô tomado por lagrimas em cada ruga do tempo, enxuga então uma ou outra e novamente diz, de uma forma que ele e nem seu avô nunca esqueceram.
-Ela também ama muito o senhor la do céu, mas num pode ficar triste vô.. se ela chorar vai chover...
-E o dia ta lindo né?
-é... o dia ta lindo vô...vamos ver os macaquinhos?
-Vamos.... Disse o vô sorrindo e se levantando lentamente enquanto o jovem corre apressado para a trilha para ver os macaquinhos... e ele pensa...
“É velha... nosso neto sabe das coisas...” e acenando pede ao neto que espere... suas pernas cansadas não agüentam mais correr...

Comentários

Rafael Valverde disse…
Emocionante.
A definição da beleza dela foi perfeita, a maior beleza que se pode ter encontra-se dentro da pessoa, e não fora onde muitos a procuram.

Belo texto.
Belo episódio para uma vida.

Crianças e suas perguntas. Às vezes belas nos momentos certos, às vezes belas nos momentos errados.
Muitas vezes nos fazendo refletir e relembrar.
Perguntas sem maldade, perguntas puras, perguntas que realmente merecem respostas.

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