Caminhos
“Bom dia estrela...” dizia o cartaz, o grande cartaz colado no muro frente a sua casa, e ela pensou não ser para ela, pensou de novo e não... era só coincidência, vestiu-se e preparou-se para o dia de trabalho. Desceu o pequeno lance de escadas, pegou sua chave no aparador, próximo a porta, e quando já estava quase no quintal, lembrou-se de por comida a seu gato, voltou e mesmo não o vendo deixou a sua tigela cheia, “hump.. homens não importa a raça sempre ausentes”.
Fechou a porta, e desceu os dois degraus até o quintal, passando pela caixa do correio conferiu se tinha algo e lá estava Um bilhete.
“Vamos fazer um joguinho, no seu caminho até o metrô espalhei alguns recados, você certamente não os veria, por isso peço que preste atenção a tudo... espero que esteja disposta... são só 3 quadras... 15 minutos no Maximo. .. Pronta? Então abra o portão”
ela virou o envelope, girou e girou e não existia remetente... por uns instante pensou em não sair de casa mas...
Assim que saiu colado em seu portão um cartaz
“ Espero que tenha conferido sua caixa de correio”
- Humm ok ok.. então vamos La... – disse ela descendo a rua atenta a tudo, logo viu que em um poste um outro cartaz dizia
“Espero que ainda esteja a tempo de te dizer umas coisas que deixei passar” e no poste seguinte
“É que as vezes a gente não percebe, não nota tudo que tem para ser notado.”
“Não damos importância a tantas coisas, por exemplo já viu a pracinha que tem na próxima esquina?”
Ela olhou para frente e viu um pequeno recanto com uma arvore, uns balanços e 4 bancos, nunca tinha notado aquele espaço, passava por ali tantas e tantas vezes mas nunca notou, caminhou até a praça e sentou-se em um dos bancos... pensando onde estaria o próximo bilhete, então um vendedor de pipoca aproximou-se dela entregou um saquinho dizendo apenas que já estava paga, e junto com o saquinho de pipoca um outro envelopinho
“viu? Aposto que nunca sentou-se ai e comeu uma saquinho de pipoca, e aposto que nunca olhou a sua volta e viu as flores, e nem reparou que nessa arvore existe um casal de macaquinhos, bem aproveite a pipoca mas não deixe de prestar atenção... ainda temos muitas surpresas”
Ela levantou-se e caminhou até as flores, passando pela arvore se pegou procurando os sagüins e acreditou ter os visto... agora sua curiosidade estava em buscar os próximos bilhetes, e logo avistou um colado em um muro na saída do parque.
“Além de ser um lugar bonito te ajuda a cortar caminho.. veja onde já chegou”
assim que ela saiu percebeu que já estava do outro lado do quarteirão, ela costumava dar uma volta para chegar ali... sorriu e olhou a sua volta, mas a frente um outro poste trazia uma outra frase
“Pensei tanto em como te dizer tudo, te fazer prestar atenção no que te falo, e espero que me entenda nas próximas linhas”
A palavra “linhas” estava escrita de forma diferente, um pouco mais forte e em itálico, ela olhou a sua volta e nos em um muro um pouco mais a frente uma serie de barbantes com bilhetinhos presos a eles... ela correu até o primeiro e leu
“Puxe cada um bem devagar depois de ler” ela puxou bem devagar e na outra ponta do barbante vinha uma rosa. E foi assim a cada barbante, Mas os recados.
“As vezes a gente não percebe, que o tempo passa nem damos muita importância a um lugar
ou um fiapo qualquer que a gente veja. Mas acho que deveríamos nos apegar aos detalhes
juntar cada fiapo, cada bilhete,cada frase e entender , que se isso aparece em nosso caminho,
deve ser percebido e levado em consideração o caminho pode ser curto, poucas quadras,
ou poucos dias, meses ou anos.. Não importa, O que importa é onde se quer chegar nesse caminho”
Ela agora com quase uma dúzia de rosas na mão se via chegando a estação do metro, os olhos dela brilhavam como nunca... se perguntava se ele realmente estava fazendo isso com ela, ou se ela estava estragando o dia de outra pessoa... mas o bilhete no portão... a carta... não ... aquilo era pra ela mesmo...
Mas... não tinha mais bilhetes... parou... olhou a volta e nada... releu todos... procurou uma dica... e nada... caminhou até a escadaria do metrô ... e nos degraus que levavam a estação pode ler
“Achou que tinha te deixado? Não... nunca... hoje tenho certeza que meu caminho é com você.”
Ela desceu os degraus atenta a qualquer detalhe, paredes, chão, teto... tudo mas não via nada.
caminhou até a roleta e quando ia entrar um segurança entregou a ela uma pequena caixa com um bilhete
“Não esquece... eu quero estar com você onde for... seja por sobre ou sob a terra, meu caminho é com você, e você minha estrela... me mostra o caminho sempre”
Dentro da caixa, envolto em um veludo vermelho, um colar com um pingente , nele gravado uma constelação em forma de cruz, e no verso a frase
“Eu te amo, você é meu caminho”
Ela não conteve e seus olhos se encheram de lagrimas... ela buscou a sua volta mas o segurança não mais estava ali, apenas a observava de longe, e acenou como quem diz... segue... e ela seguiu...
E quando descia o segundo lance de escada para chegar a estação.... viu ele... parado, olhando para ela, na mão uma outra rosa vermelha e no rosto um sorriso.
- Não acredito que você fez isso?... que trabalheira hein? - Disse ela beijando de leve
- Trabalho algum... é apenas para te desejar um bom dia, eu faria isso todos os dias, todos os dias mas não tenho como planejar isso.
- Por que? Fez tão bem hoje
- Por que não sei se você vai aceitar
- como não? Adorei... de verdade...
- Não linda... eu não sei se você vai aceitar isso...
assim que disse... um trem do metro parou atrás deles e no vagão a frase
“eu te amo.... casa comigo”
E enquanto alguns passageiros saltavam e outros embarcavam, e todos se perguntavam sobre a frase estampada no vagão eles se beijavam e juntos escolhiam o melhor caminho juntos para suas vidas.
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